
As eleições para a nova diretoria do Oratório Recreativo Clube, marcada para março deste ano, tornaram-se o centro de uma disputa judicial e institucional que tem polarizado a comunidade de associados e as chapas concorrentes.
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A decisão sobre os sócios aptos a votar e as acusações de violação do estatuto do clube provocaram debates entre os candidatos, resultando na judicialização do processo eleitoral.
Anderson Salomão, último presidente do clube e que encabeça uma chapa para reeleição, passou a alegar que o clube se encontra em um “aspirador administrativo”. Atualmente o time está sem presidente, vice-presidente ou membros do Conselho Fiscal.
De acordo com Salomão, esse cenário se deu após a não realização do processo eleitoral regular. Ele criticou a postura do presidente da comissão eleitoral, Rômulo Simões, que permitiu, segundo ele, que sócios inadimplentes há mais de um ano participassem da votação mediante o pagamento de uma única mensalidade.
Em entrevista ao Amapá Sports, Salomão comentou que:
— essa decisão violou diretamente o estatuto do clube —, afirmou o ex-presidente.
O motivo da violação seria o Artigo 119 do documento, que estipula que “apenas os sócios que estão em dia com suas mensalidades até 180 dias antes da eleição podem participar do pleito”.
Para ele, a decisão de permitir a participação de sócios inadimplentes é uma violação clara do que foi previsto no estatuto, e qualquer tentativa de alteração dessa norma deveria ser precedida por uma alteração formal do próprio estatuto.
— Nenhum associado pode violar o estatuto para se beneficiar. O processo eleitoral precisa ocorrer dentro da legalidade, respeitando rigorosamente o que foi prescrito. Por isso, busquei a justiça, para garantir que o pleito aconteça de maneira democrática e dentro dos conformes — explicou Anderson.
Ele reforçou que a Assembleia Geral não tem poder para “rasgar” o estatuto, em referência à mudança de regras sem a devida reforma estatutária.

Oposição questiona sobre legitimidade de Salomão
Já Marivaldo, líder da chapa de oposição, traz outra visão sobre a situação. Segundo ele, seu grupo está aguardando a decisão da justiça responsável pelo caso após o embargo judicial solicitado por Anderson Salomão. Ele argumenta que a chapa da oposição seguiu todas as conformidades para a realização da eleição, enquanto acusa Salomão de estar em situação irregular.
— Nosso processo eleitoral está sendo prorrogado conforme as regras aplicáveis. Aguardamos a decisão judicial e, até lá, continuaremos trabalhando para garantir que a eleição ocorra de maneira justa — declarou Marivaldo.
Ele também expressou dúvidas sobre a própria regularidade de Salomão como sócio do Oratório, citando que, de acordo com o cartório, o nome de Salomão não consta na lista de sócios do clube.
— Há dúvidas sobre a legitimidade de Salomão para participar do processo, e isso precisa ser esclarecido. Estamos tranquilos em relação à nossa candidatura, mas é preciso que todas as partes envolvidas estejam devidamente regularizadas para garantir um processo transparente — concluiu.
O que diz a comissão eleitoral do Oratório
O presidente da comissão eleitoral, Rômulo Simões, pronunciou-se em meio às acusações, defendendo as decisões tomadas até o momento.
De acordo com Simões, o estatuto do Oratório foi debatido em uma Assembleia Geral, que conto com a participação dos associados, e nela foi decidido que os sócios inadimplentes pudessem regularizar suas pendências e votar, mesmo sem estarem com todas as mensalidades pagas.
Simões esclareceu que, de acordo com as regras aprovadas na assembleia, bastaria o pagamento de uma única mensalidade para que o sócio pudesse exercer o seu direito de voto, contrariando a posição defendida por Salomão.
— Houve uma Assembleia Geral onde esta questão foi discutida e aprovada, permitindo que os sócios inadimplentes há mais de um ano participassem das eleições mediante o pagamento de uma mensalidade — disse Simões.
Ele também reforçou que Salomão está sim registrado como sócio do Oratório, mas que a lista de participantes inclui mais de 200 sócios que, de acordo com ele, não estão aptos a votar por falta de regularização.
— A questão dos sócios inadimplentes é complexa. Atualmente, apenas quatro sócios estão no dia com as mensalidades, de uma lista de 163. Acreditamos que abrir essa possibilidade para a regularização é importante para garantir a participação democrática dos associados — afirmou Simões.
Expectativa pela decisão judicial e o futuro do Oratório
A decisão da justiça sobre o pedido de embargo feito por Anderson Salomão é aguardada com ansiedade tanto pelas chapas. O estágio desse imbróglio judicial poderá definir os rumores do Oratório Recreativo Clube, que se encontram em um momento crítico de sua trajetória.
A eleição para a nova diretoria é vista como um passo fundamental para a estabilização do clube, que vive momentos de incerteza em sua governança.
A polarização entre as duas chapas reflete o desejo de ambos os lados em dirigir o clube em diferentes direções, mas com a mesma ambição de vê-lo fortalecido tanto esportivo quanto institucionalmente.
No dia 20 de setembro, uma decisão da 1ª Vara Cível e de Fazenda Pública publicou uma decisão sobre uma antecipação do pedido do Oratório, Mas o juiz não indeferiu esse pedido de antecipação, então abriu o prazo pra outra parte se manifestar normalmente, dentro de 15 dias. O documento pode ser acessado clicando aqui.
O resultado dessa disputa, tanto no âmbito judicial quanto no eleitoral, será determinante para o futuro do Oratório e de seus associados, que disputam a Copa do Brasil 2025 no primeiro semestre do ano.
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